quinta-feira, 19 de julho de 2007

[ aquarela ]

Manhã. Uma estrada longa e sinuosa contorna morros e vales até sumir no horizonte. No céu, do azul mais claro, borrões brancos disformes deslocam-se na velocidade do vento, as bordas multicoloridas pela luz de um Sol explosivo, pungente.
Na estrada, apenas o barulho do "motor 1.0" corajoso o bastante para comprar briga com eventuais ônibus e caminhões pelo caminho.
Janelas abertas, mas a ventania não incomoda: agrada.
Ao volante, cabelos raspados, pele morena, óculos escuros. A voz desafinada acompanha as músicas do Lenny Kravitz no aparelho de som.
No banco do carona, apenas a mala cheia de roupas e alguns livros. Gramática britânica e Direito.
O motorista observa o verde que cerca o caminho através das lentes escuras do Ray Ban, num misto de ansiedade, inquietação, angústia e do prazer provocado pelo rock`n roll.
Está só.
Queria que aquela música em especial durasse por toda a viagem. Que o Sol continuasse naquela mesma posição. Que o céu permanecesse daquele jeito, as nuvens também.
E que a estrada, ao menos dessa vez, o levasse por algum caminho diferente, que nunca percorrera antes.